Cotidiano
Publicado em 14/07/2025Atualizado em 18/07/2025

Caso do motorista de Uber que sequestra passageiras não ocorreu em João Pessoa

Por alumia

Notícia principal

Em novembro de 2024, o Alumia recebeu pedido de checagem sobre uma mensagem que circulava nos grupos de WhatsApp de João Pessoa a respeito de um motorista de Uber que estaria sequestrando e extorquindo mulheres. 

No card compartilhado nos grupos de WhatsApp, na capital paraibana, a mensagem apresenta a foto do motorista de Uber, de nome Silvino, e anuncia que ele estaria agindo em um carro ônix branco, de placa PBN 7D10.

A mensagem apresentava um card com a placa do carro usado nos assaltos, o nome do suposto motorista que estaria praticando a violência, e até a fotografia de seu rosto.

Para checar os dados, a equipe do Alumia fez pesquisas em páginas de notícias na internet. De cara, já foi encontrado o mesmo caso sendo noticiado em outros estados do país em anos anteriores.

Se verificou que, apesar de haver indícios de que a ocorrência policial realmente aconteceu, aparentemente o fato poderia ter ocorrido, portanto, em outro estado, não na Paraíba. Restava ainda confirmar se a história era real ou também fruto de desinformação, ainda que em outro estado.

Matérias jornalísticas de portais de notícias baianos apontavam que o caso havia sido registrado no Estado da Bahia, onde a pessoa citada no alerta teria sido detida e ouvida pela polícia. Um dos registros jornalísticos exibiu uma entrevista com a delegada do caso e que discorreu sobre a prisão do motorista que cometia assaltos. Nesse ponto abriu-se uma nova frente de checagem: as polícias e sistemas de justiça.

A equipe do Alumia procurou a Secretaria da Segurança e da Defesa Social da Paraíba (SSDS) para verificar se o caso ou outro semelhante havia sido registrado no estado e se teria envolvido a mesma pessoa ou, pelo menos, o mesmo automóvel. A Diretoria de Estatística da Polícia Civil informou que não havia, até aquela data da nossa checagem (dezembro de 2024) registro de ocorrência desse caso na Paraíba.

Dados disponibilizados pelo Núcleo de Análise Criminal e Estatística (Nace), da Secretaria da Segurança e da Defesa Social da Paraíba, mostram que, entre os períodos de 2019-2024, foram verificadas sete ocorrências policiais praticadas por “Profissionais Autônomos do Aplicativo Uber”, no estado. Mas usando os dados da pessoa citada na mensagem de alerta, nada foi encontrado sobre o caso.

Na terceira etapa, um checador consultou a empresa Uber, a fim de verificar a procedência do caso.

Outras etapas da investigação prosseguiram, com um checador do Alumia consultando fontes como o Departamento Estadual de Trânsito na Paraíba (Detran-PB).

Confrontadas as fontes, conclui-se que o caso, na verdade, ocorreu em Salvador (BA), em 2023, e não em João Pessoa. Na internet há uma série de matérias jornalísticas sobre esse fato. A imprensa baiana cobriu o caso e acompanhou a prisão do acusado. Você pode conferir por aqui.

Diante disso, o grupo de checadores do Alumia chegou a etiquetar o caso como “Confiável, mas”, que deve ser usada sempre que os dados mencionados estejam corretos, mas falte contexto ou detalhamento.

Serviço

Toda mulher que se sentir ameaçada ou for agredida, quer seja em um Uber ou em qualquer outra situação, pode ligar para o “Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher”, um programa que oferece ainda informações e auxílio a vítimas de violência.

Texto de Ana Sarah Cordeiro, Deborah Nascimento e Janaína Barbosa

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